Lei dos gêneros trará mudanças radicais para o alemão

Lei dos gêneros trará mudanças radicais para o alemão

A Alemanha é um dos únicos países a permitir por lei o registro de crianças sem especificar o sexo. Na verdade, desde dezembro de 2018, as pessoas encontram nos formulários três opções: masculino, feminino e diverso. O intuito desta iniciativa é, por um lado, respeitar a identidade sexual do ser humano, e por outro, acabar de uma vez por todas com essa discussão arcaica em torno da discussão de gêneros.

Com base nos princípios desta lei, no início de 2020 foi criada uma comissão para discutir e redefinir a classificação de gêneros das palavras da língua alemã. Após meses de debate, os membros desta comissão chegaram à conclusão que continuar classificando as palavras alemãs em masculinas, femininas e neutras, é uma forma de perpetuar a discussão sobre gêneros, o que vai contra o propósito da lei sancionada e promulgada em dezembro de 2018.

A Comissão para a Reforma da Língua Alemã (Kommission für die Reform der Deutschen Sprache - KRDS) prevê mudanças da gramática alemã, que deverão entrar em vigor a partir de 01.01.2022.

Entre as mudanças sugeridas pela comissão, encontram-se:

✔️ Simplificação do sistema de artigos e pronomes

Como a língua alemã já conta com o gênero neutro “das”, os membros da comissão sugerem o uso generalizado deste artigo, ou seja, os artigos “der” e “die” devem ser extintos, mesmo quando da denominação de pessoas, profissões e nacionalidades. Em consequência disso, os pronomes “er” e “sie” darão lugar para o já existente “es”.
Em relação à formação do feminino, os gramáticos da KRDS sugerem que cabe ao falante adicionar o sufixo “in” do feminino ou não.

A responsável pela reforma, a prof. Dra. Brigitte Kremer do Departamento de Línguas Modernas da Universidade Livre de Berlim, afirmou que essas mudanças, apesar de aparentemente radicais, também servirão para tornar a língua alemã mais internacional, mais atraente e mais competitiva. Para reforçar o propósito da reforma, a Dra. Kremer disse que a língua alemã já conhece este “fenômeno” da unificação: o pronome “sie” no plural é a tradução tanto para “eles” como para “elas”. Algo semelhante também é visto no uso do pronome reflexivo “sich”.

✔️ Simplificação das declinações dos adjetivos

Considerada como o pesadelo das aulas de alemão, a declinação dos adjetivos também será simplificada, pois ela é determinada completamente pelo artigo que a antecede.
Como existem três tipos diferentes de declinação, a comissão optou em extinguir todas as terminações. Dessa forma, expressões como “das schön Haus” ou “ein schön Haus” passam a fazer parte da norma culta padrão ensinada nas escolas.

✔️ Simplificação dos pronomes relativos

Segundo a KRDS, o uso dos pronomes relativos também é uma forma de perpetuar a divisão dos gêneros.
Com base em outras línguas modernas, como no inglês e até mesmo no português, os membros da KRDS sugerem o uso exclusivo do pronome relativo “das”. Além de simplificar o uso dos pronomes relativos, a comissão acredita que esta mudança venha a resolver um problema gramatical enfrentado por muitas crianças e jovens: o da diferença entre “das” e “dass”.
A partir da reforma, os professores de alemão poderão afirmar que o “das” com um S pode ser um artigo ou pronome relativo, enquanto que o “dass” com dois S tem a função de conjunção, desprovida de significado.

✔️ Os casos permanecem

Apesar das mudanças, a comissão deixa claro que a língua alemã continua sendo baseada nos quatro casos: nominativo, acusativo, dativo e genitivo.
Portanto, todas as simplificações aqui mencionadas precisam ser adaptadas para os quatro casos. O nominativo, por exemplo, terá os artigos “das” para o singular e “die” para o plural; o dativo, por sua vez, “dem” para o singular e “den” para o plural, e assim sucessivamente.


Este texto é um resumo do relatório sobre a reforma publicado pela KRDS em seu site www.hojeeprimeirodeabril.de.

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